segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Beber água em excesso pode fazer mal à saúde?


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A água é fundamental para a saúde e o metabolismo do corpo, ainda que muitas vezes seja tão negligenciada em nosso dia a dia. "Na verdade, somos um grande balde d'água com sais minerais e proteínas. Cerca de 60% do nosso corpo é composto por água, e ela precisa estar em perfeito equilíbrio com os demais elementos para que tudo funcione adequadamente", afirma o nefrologista Lúcio Requião Moura, diretor da SBN (Sociedade Brasileira de Nefrologia).
Nesse balde de substâncias, o sódio tem um papel de destaque. "É ele que garante o equilíbrio, pois tem estreita relação com o metabolismo da água", diz Moura. Isso porque, quando em excesso no organismo, o sódio,  como o sal de cozinha, por exemplo, tende a absorver mais água do que deveria, causando um descompasso. "Se ingiro muitos alimentos com sódio retenho mais água para manter o equilíbrio. Acabo ficando com mais sais do que água suficiente para diluí-los", explica.
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O mesmo acontece com o açúcar, quando em excesso no organismo, mas em menor grau do que o sódio. Quando ingerimos essas substâncias, elas são facilmente absorvidas no intestino, penetrando na corrente sanguínea. A rápida elevação dos níveis de glicose após a ingestão de açúcar, e de sódio após a ingestão de sal, torna o sangue hiperosmolar (o sangue fica mais concentrado que as estruturas vizinhas), o que atrai líquidos para dentro da corrente sanguínea, de forma a restabelecer a osmolaridade, isto é, voltar aos níveis normais. "Essa migração de líquidos para dentro da corrente sanguínea reduzirá a quantidade de líquidos em outras estruturas orgânicas, fazendo com que o indivíduo tenha sede", fala o gastroenterologista Laércio Tenório Ribeiro, integrante da FBG (Federação Brasileira de Gastroenterologia).

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Por isso, aquela sede após refeições muito salgadas ou após aquela fatia de bolo com cobertura é normal. Moura lembra, no entanto, que essas substâncias estão, muitas vezes, "escondidas" em alguns alimentos. "Todos os alimentos contêm alguma quantia de sódio, até mesmo frutas, verduras e legumes. Ele também está muito presente em alimentos industrializados, pois é um conservante natural".
O principal mecanismo para determinar se está na hora de beber água é o da sede. Mas ele só será deflagrado quando a quantidade de água do corpo estiver no limite do aceitável, ou seja, abaixo desse nível, a falta do líquido poderá causar prejuízos ao metabolismo. Por isso, é importante evitar que o corpo chegue a esse limiar.  "Se a quantidade de água perdida é suficiente para dar sede, o corpo dispara o alerta", diz o nefrologista.
Se a ingestão de água demorar, a pessoa pode entrar em um nível crítico de falta do líquido no organismo e ter desidratação, que pode levar à morte em casos mais graves. Alguns sinais de que é hora de beber água incluem: urina escura e com cheiro forte, cansaço, boca seca, dor de cabeça, pressão baixa e perda de capacidade de concentração, atenção e memória. "É preciso especial atenção com idosos e crianças menores de dois anos, que têm diminuída sua capacidade de ter acesso à água e de detectar a desidratação", destaca Moura.
O extremo oposto, ou seja, beber água demais, também pode fazer mal á saúde. Em pessoas saudáveis, o rim filtra em média 800 a 1000 ml de água em uma hora. "Não há risco de passar mal com quantidades de água que não excedam esses valores", afirma a nutróloga Andrea Pereira, do Hospital Israelita Albert Einstein. "Já quantidades superiores a 3 ou 4 litros de água por hora podem aumentar o risco de hiponatremia, que é a queda do nível de sódio sanguíneo, podendo causar torpor, confusão e até convulsões".



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